Quando eu tinha por volta de uns 8 anos, fui com meus pais a Itaporanga d’Ajuda. A época meus avôs maternos moravam em uma chácara. Em uma manhã, meu pai convidou-me para um passeio próximo a um rio. Lá chegando, perguntou-me:
- Além do cantar dos pássaros, você está ouvindo mais alguma coisa?
Com medo de decepcioná-lo, apurei bem meus ouvidos por alguns segundos e falei:
- Sim pai, ouço o barulho de uma carroça.
- Isso mesmo Mensinho, é uma carroça vazia.
Sem entender interroguei:
- Como pode saber que a carroça está vazia se ainda não a vimos?
- Ora, é fácil saber que uma carroça está vazia por causa do barulho que faz!
Tornei-me adulto e, até hoje, quando vejo uma pessoa que fala demais, que interrompe a conversa dos outros querendo demonstrar que é dona da razão, que se acha melhor de que os demais e porta-se de forma marrenta e orgulhosa, tratando com grossura e prepotência, tenho a impressão de ouvir o meu pai dizendo: “Quanto mais vazia a carroça, mais barulho ela faz!”.
Um comentário:
Nossa, que fábula, vai levar-me a muitas reflexões. Muito obrigada por proporcionar-me essa história tão simples e tão cheia de sabedoria.
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